A MERCADORIA DO ENGANO COMO PRELÚDIO DE NIILISMO

A MERCADORIA DO ENGANO COMO PRELÚDIO DE NIILISMO

No mundo do “faz de conta” todos se mostram saudáveis e sagrados. E claro, felizes! Esta é a mercadoria do momento. Diante do tormento da instabilidade, da incerteza que abala os anseios, apegos e receios o que há de mais atrativo e vendável ?

É o palco aberto para todo tipo de canastrice “esotérica” new age;  mistificações ao infinito explorando fantasias e carências afetivas, narcisismo exibicionista; o sagrado vendido como entretenimento, versões caricatas de antigas religiões e o auto engano “comandando a massa”. 

Qual o problema nisso se o que se busca aí é isso mesmo?  A superficialidade ou profundidade da busca determina o que nela se encontra. Quando se está em busca de pequenos alívios ao invés de grandes mudanças, um pouco mais de sustento para a precariedade, alguns sorrisos e novos cenários para os mesmos dramas e projeções: tem para todos… novas e extravagantes opções para que se tenha a sensação de estar mudando e, no entanto, continuar na mesma. Mas o que mais poderia aparecer aí ? Não se está buscando isso ? E quando não for isso o que se busca certamente o abençoado senso crítico lhe levará adiante.

Há algum risco ? Existe alguma problema nisso tudo ?    “Não use as roupas velhas de alguém dizendo que são suas” disse o “velho sábio”. Talvez isso diga algo sobre possíveis riscos. Quando se usa o nome de ancestrais Tradições que nasceram dos verdadeiros sábios para esse teatro todo há o risco de isso gerar uma equivocada impressão. A impressão de que essa “sem noção” toda bem embrulhada para venda no instagram e em outros ambientes de fato apresenta algo do que os verdadeiros Mahatmas, Yogis e Xamãs vivenciaram e vivenciam autenticamente em suas vidas e podem oferecer à atual crise humana.

Isso é crucial! A banalização do sagrado leva ao niilismo. A criação de expectativas fantasiosas; a idolatria e culto de supostas virtudes; a moralização das emoções: “materialismo espiritual”, denuncia o Lama.

As ilusões do eu se apropriam e se nutrem daquilo que propõe a sua própria dissolução. Quando esse engodo todo se desfaz se desfazem as ilusões, e é inevitável que isso aconteça, mas isso pode abrir espaço então para  uma total inexistência de valores com algum sentido capaz de inspirar atitudes e determinar comportamentos. E junto com isso pode surgir a absoluta dificuldade em admitir que haja ou possa haver alguma possibilidade de que o humano seja capaz de criar uma civilização decente que valha a pena existir. E na qual faça algum sentido viver.

Considerando esse quadro todo a pergunta é: há algo que se possa fazer quanto a isso agora?  

O barco parece vai continuar se movendo em seu próprio ritmo. Mas podemos estar em paz com isso e com nós mesmos se ao menos colocarmos um espelho diante do que acontece para que todos que se movem nesse cenário possam “ver” e acima de tudo possam se ver. E serem vistos. Não do modo como normalmente se espera e se adora ser visto. Mas vistos a partir de uma clara visão da realidade onde se expõe com máxima evidencia o, um tanto quanto perigoso ridículo do que acontece. Em outras palavras: é preciso criar senso crítico! Um forte senso de lucidez que possa desautorizar a estupidez e fazer com que ela volte ao circo onde, quem sabe ela “tenha lá” a sua função. Seria aí nesse caso a função de fazer rir. Mas nesse lugar como perigo ela é inócua pois não supõe sobre si ser outra coisa e nem pretende se fazer passar por aquilo que definitivamente não é.

Então amigos que o Infinito Desconhecido clareie os caminhos e que todas as grandes Tradições ancestrais da humanidade sejam salvas desse patético espetáculo. E que com isso sejam capazes de “salvar”( tornar inteiro, completo)  a quem puder se lançar de verdade no fogo divino que dissipa todas as ilusões sobre si mesmo e o que a vida é.   

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