FILOSOFIAS DA INDIA E O YOGA
CURSO DE INTRODUÇÃO
A noção de si mesmo estruturada a partir dos estímulos externos, relações e memórias cria uma identidade frágil e dependente. Quando o ambiente se desestabiliza ela desmorona. Isto é o que se reconhece como desequilíbrio mental emocional. Quase epidêmico hoje!
A Tradição de Sabedoria da Índia em suas diversas manifestações se move com diversas estratégias conceituais e práticas, se move sempre em direção à uma instancia de identidade que é incondicionada; originária. Essa é a dimensão do ser que é desde si mesmo. Livre e criador de próprio sentido a momento.
Na visão dessas “filosofias” não se trata de apenas conceitualizar mas de vivenciar; de ser aquilo que se sabe. A existência convida e convoca a todos nessa direção desde sempre e muito especialmente nesse momento histórico. O propósito desse curso é fluir criticamente nessa direção.
É um curso introdutório dada a complexidade das diversas Escolas, mas se move em uma verticalidade buscando o núcleo essencial de cada Tradição. Com isso grandes insights e transformações se tornam possíveis.
OBJETIVOS
Desenvolver uma maior compreensão de si mesmo através de uma investigação sobre a existência, o sentido e o fluxo da diferença e identidade do ser a partir das perspectivas da Sabedoria da Índia. Compreender de que modo essas diferentes perspectivas se diferenciam, dialogam e eventualmente fundamentam o Yoga é.
PÚBLICO ALVO :
Instrutores de Yoga, Terapeutas, Educadores e pessoas simplesmente interessadas em compreender mais profundamente a si mesmas a partir do olhar critico e lúcido que as Escolas filosóficas da Índia proprõem.
Este Curso constitui um dos Módulos do Programa de Nível II para os Cursos de Formação de Instrutores de Kundalini Yoga e Hatha Yoga o Nanak Ashram – Escola de Yoga e Terapias.
PROGRAMA
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O que é isto, Filosofia? Existe Filosofia na Índia? Mito e Filosofia.
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História e características gerais do Pensamento Védico. Sanatana Dharma
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Darshanas: Samkhiya, Vedanta e Yoga: fundamentos conceitos e prática.
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Tantra: origem fundamentos, Linhagens e Práticas.
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Movimentos: Mahasidhas (VIII ao XII) – Movimento Bhakti (Sec. XV ao XVII)
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Escolas heterodoxas: Dharma de Budha; Mahavira; a Tradição do Guru Nanak, Ensinamento Sufi na India.
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METODOLOGIA
Utilização de textos clássicos de cada uma dessas tradições. Estudos, diálogos e produção de textos e Praticas.
MATERIAL DIDÁTICO
Textos Tradicionais e comentários de filósofos representativos de cada Escola.
Aulas gravadas ao vivo e disponibilizadas
CARGA HORÁRIA: 45 Horas – 18 encontros On Line
As aulas são ao vivo e gravadas e ficam disponíveis
Início dia 09 de abril à 13 de agosto de 2024
Todas as terças feiras das 19h30 às 22h00
INVESTIMENTO: R$ 2.250,00
À vista até 04 de abril R$ 1.980,00
Parcelado 5x R$ 450,00
INSCRIÇÕES: Whatss 48 9 9928 9851
Escolhe o modo de pagamento e transfere via pix email: akalmuretsingh@gmail.com envia comprovante e ja recebe parte do material.
A ATUALIDADE DAS FILOSOFIAS DA INDIA
Aquilo com que se ocupa a maioria das filosofias da Índia indica uma possibilidade de vivencia humana ainda inexplorada. É ancestral mas estranhamente ainda está por vir. Se tornou inadiável agora, pois em nosso tempo podemos considerar que nada que venha de fora vai lhe trazer sentido ou completude. Nem coisas que se tornam objetos de apego, nem pessoas, crenças, ideologias e muito menos o que voce pensa ser.
É indispensavel reconsiderar o que é a vida em nós ou o que somos nós em meio a vida. Com que intensidade e clareza vivemos hoje. Com que poder e autonomia fluimos e o quanto somos determinados por uma subjetividade produzida na cultura da carência, da fraqueza e sua constante busca de preenchimento e navegando também ondas de reatividade defensiva, ressentida e em alguns momentos vingativa.
A humanidade hoje está lançada no desafio e oportunidade de encontrar perspectivas sobre a vida que encaminhem respostas a uma grande lacuna da modernidade que é basicamente a ausência do ser em meio ao mundo da volatilidade e da técnica.
O esquecimento do ser leva a uma desmedida da técnica e o humano se vê hoje diante do risco de ser ele próprio tornado escravo pelo automatismo. A “tecnificação” do humano em seu pensar e em suas atitudes já o tornou em boa medida mecânico. Isso por muito tempo estabeleceu uma certa familiaridade na relação com o mundo dando a impressão de solidez e controle.
Mas nos últimos anos toda a fantasia de solidez está se dissolvendo e o ente humano se vê diante da impossibilidade de ter certezas. Tudo é fugaz e volátil: as relações, os valores e a própria ideia que cada um faz de si mesmo. Como esse “eu” é constituído de memórias, ideias, hábitos, relações e paradigmas que estão se dissipando, deixando de fazer sentido, o humano atualmente se vê perdido; sem referências confiáveis nem sobre as coisas e nem sobre ele mesmo. É uma situação de risco. Risco para a saúde mental, emocional e para as relações sociais e políticas.
Todo esse contexto aponta uma necessidade fundamental e clama por uma investigação profunda sobre o sentido e significado da existência tendo como eixo a pergunta sobre o ser e as dimensões disso que chamamos de identidade.
Que é o eu? E então a partir da pergunta se colocar a caminho e explorar as possibilidades que se abrem e que a cada passo convocam o humano a novos horizontes e instancias do seu próprio ser. Esse é o convite essencial do pensamento oriental especialmente na Índia. Escolas como o Tantra, Vedanta, o Samkhiya, o Dharma de Budha e do Guru Nanak Dev Ji e naturalmente o Yoga, provocam reflexões e possibilitam em um primeiro momento experiências que desmontam toda uma estrutura de crenças e conceitos restritivos sobre as possibilidades humanas; lançam a consciência para além da dimensão histórica temporal e desvelam a presença do ser em sua instancia originaria e autentica.
Na perspectiva oriental oriunda da Índia no centro do processo que é a vida mesma está o ser e a possibilidade do sagrado. Investigar a si mesmo, desvelar o ser que se é: aí está o foco central da tradição indiana. E isso é crucial em nosso tempo.
O mundo da técnica é fascinante, mas para ser vivido sem o risco de que a mecanização se estabeleça como modo de vida e o humano se torne escravo; refém do que ele próprio criou ou que venha a ter muita dificuldade de reinventar o sentido de si mesmo em meio a volatilidade do mundo é necessário e talvez urgente ir além do homem tal como se apresenta hoje.
É possível, portanto, que para viver a extraordinária possibilidade que estes tempos trazem seja necessária uma ampliação na visão do humano sobre a vida e sobre o que ele mesmo é. E mais que isso. Na perspectiva das Escolas da Índia é preciso ser a própria encarnação de si mesmo em suas mais altas possiblidades. E isso não está dado. É fundamental possibilitar as possibilidades. Isso pode gerar uma transformação capaz de afetar todas as instancias da cultura e do modo de ser no mundo. “Torna-te o que tu eres” disse o filósofo.
Nietzsche diz também que “os gregos não estavam saudáveis para serem racionais”. A desmedida da razão desembocou no que temos hoje. O moderno caducou e um novo horizonte se abre. Há uma lacuna pela ausência de um mundo que vigore com sentido e no qual todos se reconheçam e estruturem suas vidas. O mundo acabou. E sem mundo o homem se assusta. Se desestabiliza emocionalmente. Produz uma cultura carente de um sentido afirmativo da vida. Uma cultura que se baseia na busca de compensações, asseguramentos e absolutamente reativa na sua ansia de auto preservação. O humano assim se move a cada passo para mais longe de si mesmo.
Ortega y Gasset, filósofo e historiador espanhol, ao analisar os períodos da história onde houveram crises, ou seja, onde os paradigmas vigentes em uma época entraram em colapso e houve um intervalo, uma ausência de mundo, Ortega aponta que reinvenção de sentido e de mundo precisa ser construída a partir do ser mais próprio e autêntico. E para isso diz ele é necessário voltar para si mesmo. Re criar mundo desde si mesmo. Ou será um mundo falso.
Para isso é preciso investigar, meditar, construir condições de percepção fora dos esquemas habituais e assim tornar possível um novo olhar sobre a vida e sobre si mesmo. E isso não apenas conceitualmente. É preciso vivenciar o espaço mais próprio do ser. Esta é a exploração que as Escolas de Sabedoria da Índia propõem. E propõe isso de um modo crítico para além de crenças e pressupostos, criando um contexto cognitivo de experienciar o que se sabe: Ser sabedoria! Mesmo articulado em conceitos essas Escolas alertam que é preciso ir além dos conceitos para que a ignorância sobre si mesmo possa desaparecer.
A proposta desse Curso, obviamente, pela própria carga horária, não pretende esgotar a investigação sobre cada uma das Escolas abordadas. Se é que isso em algum contexto pudesse ser possível. Mas o Curso se propõe a investigar as raízes, conceitos fundamentais e o modo como cada Tradição encaminha o processo de reflexão e vivencia do ser para além dos próprios conceitos e esclarecer a identidade, as diferenças e qual a relação dessas Escolas com o Yoga.