A era do coração aberto… ou doente
Estamos entrando na chamada “era aquariana”. Cada pessoa neste planeta tem algo para oferecer.
A época do isolamento e do individualismo já passou. Aqueles que insistirem nesta atitude não suportarão a pressão e fatalmente irão adoecer emocionalmente, existencialmente.
O medo de se abrir para o outro e para a vida, leva ao pânico.
O auto enclausuramento afetivo, como reação à uma desmedida dependência nas relações, leva à depressão.
O anseio de liberdade e realização, em um contexto de repressão e severidade consigo mesmo, leva à ansiedade.
E a pretensão de controlar o fluxo dos acontecimentos leva ao estresse e mostra a total falta de confiança…não em si mesmo, pois não se conhece a si mesmo como se poderia confiar? Nem em alguém. Pois se não conhece a si mesmo como poderia conhecer o outro. Mas a ausência de confiança no desconhecido, na incerteza…a falta de confiança no próprio ato de confiar. A dificuldade de entrega absoluta à existência tal como ela aparece.
Podemos aprender a sair de nós mesmos, expandir o que somos para além das fronteiras da separatividade do eu. Deixar o coração se abrir e compartilhar mais abraços, sorrisos, gestos de transbordamento. É claro que isso só é legítimo quando é espontâneo e surge de verdade, naturalmente. Mas também é verdade que só é capaz de surgir quando existe intenção, disponibilidade, e fundamentalmente intensidade vital, vida forte.
Percebendo isso e aceitando o convite que a existência faz nessa direção, pode se estabelecer uma atitude de completa abertura. Podemos então aumentar a força da vida que pulsa e é o que somos. Não existe mágica ou caminho já traçado para isso. No entanto algumas coisas simples podem acordar, estimular a pulsação da vida em nós.
A atitude de compartilhar, doar, é um gesto de força, de expansão e isso já é a vida se recolocando em seu fluxo ascendente; em seu aumento do poder de ser o que é. A vida quer sempre mais de si para si mesma, e esse é o seu modo de ser saudável e cheia de incondicional coragem. Plena de força que sempre supera a si mesma.
Portanto se abrir e se deixar fluir em todas as direções, tocar o outro com o que somos, desperta a força da vida. Quando sentimos nesse movimento que o que somos é essencialmente Vida e que o outro é também isso, então somos Um. Somos vida em expansão. Isso é amor incondicional. Nada tem a ver com moralidade social, religião, ou qualquer pretensão de salvar o mundo. É apenas ser na sintonia do que vida é, em seu modo de ser mais próprio, criativo, selvagem, incontrolado.
Ao deixarmos essa atitude básica estabelecida para fluir, necessitamos intensidade vital para que o movimento aconteça. É necessário sair da condição de baixa carga vital, de penúria energética, para que realmente a força da vida faça acontecer seu próprio movimento de expansão.
Um modo de iniciar esse processo revitalização, biologicamente, é respirando mais e melhor. O oxigênio e o prana que absorvemos ao respirar de modo adequado e de forma especial através de exercícios específicos, altera a configuração vigente de nosso estado emocional, mental e orgânico e efetivamente ficamos mais vivos, capazes e prontos para ir além do que pensamos ser.
Essa época aquariana é a era do encontro, agrupamento….mas não pela carência, pela ânsia de receber. Não porque a união faz a força. Ao contrário. É exatamente porque sentimos a força da vida transbordando em nós que podemos nos mover em direção ao outro. De forma livre, sem controle, sem manipulação, sem precisar do outro para ser o que somos. E também sem estar em busca de sentido para a vida e para si mesmo através do outro. Não. A vida não faz e não tem nenhum sentido fora dela própria. E ela é o que somos. Podemos nos aproximar do outro para estarmos juntos, compartilhando; para doar, distribuir, a fragrância que exala do que somos.
A era aquariana pode ser uma experiência de unidade fundada na vivência de que tudo é Um. Toda diversidade é máscara que esconde o Um que somos. A partir de tal consciência um novo modo de viver se torna possível.
O papel do Yoga nesse processo pode ser imenso. Yoga é a consciência de ser Um. Por isso a consciência realizada naquilo que o Yoga é, pode alterar radicalmente todas as relações. Apenas sendo plenamente o que se é e compartilhando a plenitude do seu próprio Ser.
Akal Muret Singh