Seria desnecessária a expressão Yoga Terapia Integral se todas as abordagens dessa proposta tivessem a abrangência que seria comum quando estamos falando de Yoga. O Yoga Terapia seria então intrinsecamente “integral”.
No entanto existem abordagens que poderíamos chamar de incompletas e que por isso mesmo, muitas vezes, não tocam nos pontos essenciais que sustentam os desequilíbrios. Em função disso se tornam ineficientes mesmo que produzam efeitos benéficos por algum tempo. Um desses sistemas terapêuticos pretende atender as necessidades do corpo e o outro da mente.
Uma das abordagens se ocupa com a aplicação de exercícios para tratar de sintomas isolados: postura para o fígado, rins, exercícios para eliminar a prisão de ventre, para a saúde pulmonar, respiração para eliminar distúrbios do sono e por ai vai. A lista é longa.
Existe também um trabalho que se apresenta como uma espécie de fisioterapia utilizando as técnicas do Yoga com ênfase em exercícios para correção postural, alongamento…etc.
Nada disso é ruim em si mesmo. É tudo saudável. Mas em nenhum desses casos se está considerando o ser como um todo e suas infinitas possibilidades. Utilizar as práticas yogis para tratar apenas os sintomas dos desequilíbrios tanto fisiológicos quanto psicológicos é com certeza um modo utilitário que não toca nas raízes dos desequilíbrios. Além de algum alívio o que faz é dar mais energia para manter uma estrutura que está baseada na ignorância de si mesmo. No máximo retira certos efeitos colaterais da auto ilusão. Isto pode manter a estagnação com menos desconforto mas abrange muito menos do que o Yoga pode oferecer como recurso terapêutico.
A outra forma de abordagem reduzida e equivocada de Yoga Terapia aparece quando se pretende lidar questões psicológicas. Há uma forte tendência à abordagem moral e um tanto simplista que se torna muito semelhante ao que há de pior na chamada “auto ajuda” e na religião formal. Surge um procedimento que estimula o auto engano ao pretender mudanças psicológicas a partir do cultivo artificial e fantasioso de virtudes morais ou de pensamentos e atitudes supostamente positivas” sem que para isso tenha sido construída uma base de sustentação corporal, energética e emocional capaz de dar consistência às tais virtudes.
Uma concepção de Yoga Terapia com essas características é de fato reducionista e quase uma caricatura do que é o Yoga como tradição ancestral de iluminação de consciência. Por tudo isso é possível compreender que ao se ouvir a expressão Yoga Terapia pode haver uma certa má vontade com esse termo. Pode mesmo dar a impressão de que se esta diante de algo utilitário, reducionista e ineficiente como Terapia pois investe apenas em alterar os sintomas sem, no entanto, desenraizar a base de todas a enfermidades que é, não apenas o desconhecimento mas o cultivo de uma imagem ilusória de si mesmo.
No entanto, se compreendermos Terapia como procedimento para extinguir toda enfermidade e admitindo que a raiz das enfermidades é a ignorância sobre si mesmo e a noção de um eu separado, então vamos concordar que Yoga é a Terapia para esse planeta cujos habitantes padecem dessa enfermidade básica que é o engano sobre o que se é. Yoga é o estado de consciência além da ilusão de um eu baseado no tempo.